segunda-feira, 31 de março de 2008

Novos caminhos

De tudo ficaram três coisas:
a certeza de que estava sempre começando,
a certeza de que era preciso continuar
e a certeza de que seria interrompido antes de terminar.

Fazer da interrupção um caminho novo,
fazer da queda, um passo de dança,
do medo, uma escada,
do sonho, uma ponte,
da procura, um encontro.

Sábio Fernando Pessoa

quarta-feira, 19 de março de 2008

Never look back...

... and the good things happen! =)

segunda-feira, 10 de março de 2008

QUASE

Ainda pior que a convicção do não, é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase!
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e na frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor. Mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio-termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Para os erros há perdão, para os fracassos, chance, para os amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando... Fazendo que planejando... Vivendo que esperando...
Porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.


Luis Fernando Veríssimo

quinta-feira, 6 de março de 2008

Decisão

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final...
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram. Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado. Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar. As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais. Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal". Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará! Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Sempre com os olhos bem abertos, para que nada passe despercebido e para que NUNCA vc olhe e diga: "Eu sabia que não daria certo".

"Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és. E lembra-te: Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão”.

E nunca é demais dizer: obrigado aos meus amigos!

terça-feira, 4 de março de 2008

Engana-se quem pensa que amor tem época certa para acontecer. Que é próprio dos jovens, embriagados pela esperança. Quem pensa assim desconhece que o amor na maturidade pode não ter a chama ardente da juventude, mas, em contrapartida,vem acompanhado da sabedoria dos caminhos trilhados, de quem conhece tudo que ele precisa para permanecer saudável e forte pela vida a fora.
Há ainda quem pense que o grande amor só acontece uma vez. Ou que o primeiro foi e sempre será o melhor. Teorias, apenas teorias, que o próprio amor desconhece.

Como sempre souberam os poetas, esse sentimento, arrebatador e transformador, desconhece todas as regras e, por isso mesmo, nem sempre pode concretizar-se como sonham os apaixonados. Que o digam Romeu e Julieta e tantos casais separados pelo ódio, a inveja, o ciúme,o medo, a cobiça,a rivalidade e tudo o mais que atrapalha e impede o amor.
Ultimamente,ele tem enfrentado novos inimigos criados pela vida moderna. Padece com a falta de tempo, envergonha-se diante de outros sentimentos mais valorizados, é considerado algo menor comparado à estabilidade, à serenidade, ao equilíbrio. E o abismo em que ele joga os amantes é visto com temor e receio. "É preciso pensar primeiro em si mesmo", dizem alguns especialistas de plantão, contrariando a lógica dos apaixonados.
Mas o amor também está aqui para fazer calar os pessimistas e silenciar todos aqueles que usam seu nome em vão, sem conhecer seu real significado. E a poesia é seu maior aliado nessa luta. Afinal, que palavras podem rivalizar com versos como estes, do poema "Súplica", de Floribela Espanca?

OLHA PARA MIM, AMOR, OLHA PARA MIM;
MEUS OLHOS ANDAM DOIDOS POR TE OLHAR!
CEGA-ME COM O BRILHO DE TEUS OLHOS
QUE CEGA ANDO EU HÁ MUITO POR TE AMAR.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Trocadilhos do carilho

Uma galinha epilética se masturba no fundo escuro de um precipício. A galinha está quase gozando quando o vibrador começa a falhar. Cria-se um impasse com a galinha e consequentemente começo a me torturar pensando sem parar na palavra frango. Poderia mto bem ficar obcecado pelo tigre do zoológico de a São Francisco ou pelo Barack Obama. Mas, simplesmente porque o parágrafo começou com a galinha, logo veio, inexoravelmente, o frango. Não posso fazer nada.

Frango totalmente aleatório, frango assado de churrascaria na via Dutra na infância. Frango da padoca, televisão de cachorros e peões. Frango de canja da minha avó, das ceias da Páscoa judaica. Frangão do Agnaldo - não o Timóteo nem o Rayol -, mas o goleiro que jogou no Santos no fim da década de 60, que tomou um frango debaixo das canetas. Frango que é nerd, homem só pela metade - versão galinácea mas igualmente arquetípica de centauro. A propósito, quem foi o Homem de Mello que deu seu nome à rua de Pinheiros, São Paulo? Era por acaso casado com a mulher do Mendonça? Frangalo em pandarescos, exausto, cabisbaixo, humilhado por olhos e bugalhos. Frango de quem confunde no peito de frango à milanesa com peito de frango ali na mesa.

Lembro que esqueci de lembrar que lembrei do que sempre esqueço: preferível conseguir perdoar, sem guardar rancor, de todo desafeto, no mínimo para não cair no clichê e rimar com desamor e dor. Mas também pra não ficar todos os dias nesta semana ladainha que tenta nos deixar viver nem morrer em paz. Ladainha, vejam só, relativa ao automóvel Lada, fabricado na ex-União Soviética. Quem foi o imbecil que teve a péssima idéia de importar Ladas para o Brasil no início da década de 90? Puta que los parió, pra que ficar lembrando disso? Não aguento mais.

GOZA, GALINHA
Nem sei mais se isso tudo é espontâneo ou premeditado - como não sei se era meu pai quem me esfaqueava e tentava me afogar na represa da usina hidroelétrica Três Gargantas na China em um sonho ontem à noite. Três Gargantas é a maior usina do mundo, bem maior que as nossas Itaipu e Tucuruí, seja em volume de água ou quilowatts.
Sem resposta, só me resta tatear como um cego pelo mesmo abismo escuro onde a galinha epilética agora supera os problemas com o vibrador. Ela atinge o orgasmo, e eu posso seguir adiante. Sou envolvido por uma enorme e inexplicável sensação de alívio e paz interior.

Por Henrique Goldman, colunista o qual me identifiquei em alguns tantos parágrafos melados.